Juliette Psicose Beyond the Shadows
Juliette Psicose
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Por Julio Cesar Campos Machado
Para Amazon Kindle
Juliette Psicose é uma personagem que personifica o eterno vínculo entre a vida e a morte. Ela é uma figura enigmática, marcada por uma alma eterna que transcende o tempo.
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Ah, "A Dança das Sombras". Como esquecer? Esse é o capítulo onde tudo desmorona... ou melhor, onde eu me desmorono. Claro, você já sabe que eu me perco, mas vamos fingir que é uma grande surpresa, não é mesmo? Afinal, quando você está presa dentro da sua própria cabeça, tudo é surpresa.
Tudo começou com aquela sensação deliciosa de que as drogas seriam uma fuga perfeita. Ah, sim, aquela doce mentira que contamos a nós mesmos. Era tão simples. Um pequeno refúgio das minhas angústias, um alívio temporário para a dor que me consumia. Eu estava tão cansada de lutar com meus próprios demônios que decidi que era hora de deixá-los ganhar um pouco de terreno. Ingênua, não? Acreditei que poderia domá-los, como se eles fossem cachorrinhos perdidos. Mas logo percebi que não eram. Eram mais como... sombras. Sim, sombras sinistras, multiplicando-se em cada canto da minha mente. Elas tinham vida própria.
Cada dose me levava mais fundo nesse labirinto sem saída. Eu? Aprisionada, claro. E cada passo era uma descida mais profunda, onde o fim não era uma opção. As drogas pararam de ser só "substâncias químicas". Ah, que conceito patético. Elas se tornaram algo vivo, alimentando-se de mim. Da minha alma, da minha sanidade, da minha lucidez. Me engolindo. E lá estava eu, dançando com elas. A dança das sombras.
Quer saber o pior? O tempo desaparecia. Se arrastava como um prisioneiro condenado, cada segundo era uma tortura sem fim. As horas viravam dias, os dias semanas, e eu? Eu estava lá, presa no ciclo eterno de desespero e consumo. Ouvia as paredes sussurrarem segredos que ninguém mais podia ouvir, grotescas figuras de sombras dançavam ao som de risadas e suspiros. Parecia tão... pessoal. Como se estivessem se alimentando da minha última gota de sanidade. Sim, elas me caçavam.
E as noites? Ah, as noites. Insônia. Pesadelos. Eles vinham como visitantes indesejados, trazendo meus medos mais profundos à tona. Como se minha própria mente estivesse contra mim, me levando para mais fundo nessa espiral de loucura. Eu estava perdendo o controle, mas, honestamente, quem realmente tem controle, certo?
Agora, vou admitir. Em meio a toda essa escuridão, algo começou a mudar. Uma faísca de esperança. Ridículo, não? Mas ela estava lá, me dizendo que, talvez, só talvez, eu pudesse sair dessa. Ah, não me entenda mal. Não era uma revelação gloriosa, era mais como um sussurro irritante na parte de trás da minha cabeça, uma pequena luz que insistia em brilhar mesmo quando tudo estava desmoronando.
Essa força interna? Essa determinação? Era a única coisa que me restava. Porque, veja bem, as drogas não eram o fim. Elas eram uma prisão que me afastava de quem eu era, e, claro, quem eu poderia ser. Não que eu soubesse quem era naquela altura. Mas isso, isso é outra história.
E então, lá estava eu, escrevendo. Palavras fluindo como tinta negra. Uma tentativa patética de encontrar alguma cura nas minhas próprias palavras. Mas talvez funcionasse, talvez não. Quem sabe? Eu estava apenas tentando sobreviver ao caos que eu mesma tinha criado. Cada palavra era como uma pequena libertação, um eco distante da pessoa que eu costumava ser. Será que isso faz algum sentido? Não importa.
E lá estavam as sombras, começando a dissipar. A escrita era como uma terapia. Sim, irônico, não é? Enfrentar o passado com palavras. A verdade é que eu estava começando a ver a luz dentro de mim. Não uma grande luz, nada glorioso. Apenas... algo. Algo que me guiava para fora desse abismo em que eu me joguei.
Ah, e antes que você pense que tudo terminou em flores e arco-íris, deixe-me te avisar: ainda estou lutando. Cada dia, cada segundo. E, para ser honesta, não tenho certeza se algum dia vou parar de lutar. Mas sabe de uma coisa? Eu estou aqui. E isso, meu caro, é uma vitória em si mesma.
Agora, onde eu estava? Ah, sim... o vinho estranho, a garrafa, o restaurante vazio... mas essa história eu conto depois.